quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Grupo de surdos visita Escola Municipal Indígena Tengatui em Dourados - MS

Por Prof. Neivaldo Zovico
Eu e o grupo de surdos e ouvintes no passeio à Mato Grosso do Sul, visitamos Reserva Indigena chamada Aldeia Jaguapiru para conhecer a Escola Indigena Tengatui em Dourados, que atende aluno surdo, após o contato da Diretora Shirley Vilhalva com a Escola Municipal Indigena, fomos autorizado à visitar a Aldeia Jaguapiru e também fazer imagens para registro da visita.

Shirley Vilhalva - Diretora da Feneis - que trabalha na Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso do Sul idealizadora do Projeto Indio Surdo explica que o objetivo é incentivar os indios a usar Lingua de Sinais e também toda a aldeia que a conhecer a Lingua de Sinais para proporcionar uma comunicação mais eficaz e evitar que os indios surdos fiquem isolados, o projeto também orienta os professores como dar aula aos indios surdos e também prevê a presença do intérprete de LIBRAS para fazer o serviço de intermediação entre professores e índio surdo.

Visitamos a aldeia, a escola, o Posto de Saude, a Escola Estadual, a Associação dos Indios, o Ginásio, as casas dos indios. Hoje os indios já vivem como civilizadamente, usam as roupas como nós, entretanto a cultura continua como antes e querem preservá-la.

Fomos á casa do Índio Surdo Cleiton Geovan que mora com os avós para bater papo, ele tem 15 anos e cursa o 6º ano, nos comunicamos em Lingua de Sinais, Cleiton diz que tem outros colegas índios surdos, que estudam juntos na escola, relata que quando está em casa gosta de assistir filmes no DVD que tem em casa, quando o encontramos estava de férias da escola.

A Escola Municipal Indigena já tem interprete de LIBRAS que conhecem 3 linguas: Lingua Portuguesa, Lingua Guarani e LIBRAS, o Cleiton diz que o trabalho de interprete de LIBRAS faz bem para ele, que entende melhor e que está conseguindo seguir em frente com as lições da sala de aula.

A Diretora Shirley diz que trabalha muito para todas as escolas do Estado que atendem os alunos indios surdos, para ter interprete de LIBRAS, para que a educação dos alunos surdos sejam continuamente desenvolvida. Ela conta que são aproximadamente 200 intérpretes de LIBRAS atendendo todas as cidades do Mato Grosso do Sul. Ficamos admirados com o trabalho da Secretaria Estadual de Educação, com a preocupação com os alunos surdos indígenas, a batalha para garantir os intérpretes nas escolas é contínua.

Em São Paulo encontramos uma grande dificuldade, as escolas do Ensino médio, que são estaduais, ainda não tem intérpretes de LIBRAS, isso acaba causando o abandono da escola por consequencia da dificuldade de comunicação, alguns com muito esforço conseguem se formar, mas com a experança que em um futuro breve essa situação mude. A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo diz que está se organizando para cumprir as leis de acessibilidade.

Escola Municipal Indigena que visitamos na Aldeia Jaguapiru.



Cleiton de camiseta azul no meio de grupo de surdos, sentados seus avós e ao lado do avô seu primo.

Diretora Shirley Vilhalva faz entrevista com o indio Surdo para saber como ele está na Escola, pois ele é atendido pelo Projeto Indio Surdo.

ACESSIBILIDADE PARA SURDOS NA CIDADE TURISTICA DE BONITO-MS

Por Prof. Neivaldo Zovico
No dia 5 de janeiro deste ano, fui para Bonito – MS com um grupo de surdos e ouvintes para aproveitar as férias, estavam comigo, Shirley Vilhalva (Diretora Administrativa da Feneis), Moryse Saruta (Diretora Regional da Feneis-SP), Sidney Galindo e Natany Vilhalva (ouvinte - filha da Shirley). Fomos conhecer os passeios que a cidade turística oferece, cachoeiras, visitação á grutas, passeios de bote em rios de águas cristalinas, mergulho, etc. Percebi a importancia de acessibilidade na prestação de serviços para pessoas surdas assim como para outros deficientes.

Bem, hoje já existe uma – Norma Brasileira Regulamentadora – que discursa sobre a NBR 15559 Acessibilidade - Comunicação na prestação de serviços que prevê que também as empresas de serviços turísticos deverão preparar-se e adapter-se para atender os deficientes. Entendo que a empresa turística ao atender integralmente um grupo de surdos através da acessibilidade na comunicação, só tem a ganhar, pois é um novo mercado a ser trabalhado. São pessoas com poder aquisitivo e possibilidade de explorar esses serviços de forma integral.

Infelizmente poucas empresas estão preparadas paras atender o turista surdo, neste passeio quando fomos comprar os bilhetes para o bote, precisamos que a intérprete Natany nos auxiliasse.

No dia seguinte, nosso grupo foi até o ponto de onde saia o passeio de bote pelas cachoeiras e quedas d’agua té chegar á ilha do Padre. Antes do início a Natany interpretou as orientações sobre segurança e posicionamento dentro do bote para evitar acidentes. O passeio durou uma hora e meia, descendo as cachoeiras, remando, e brincando de guerra de água com balde. Um passeio foi muito bom e divertido.

Mais tarde visitamos o projeto Jibóia, onde assistimos uma palestra com o objetivo de concientizar a importancia de preservação das cobras, na palestra foi dito que as cobras só atacam quando aproximamos e elas se sentem ameaçadas. Mas para obter essas inforamações convidamos novamente a jovem Natany para interpretar.

As empresas de turismo devem se atentar sobre as normas de acessibilidade assim como as Secretarias de Turismo dessses municípios devem oferecer alternativas para atender os surdos ou o público com algum outro tipo de deficiência.


O instrutor explicou como se segurar durante o passeio, a Natany interpretou para o grupo de surdos como abaixar de lado e segurar na corda durante a passagem na cachoeira, como remar, e tirar agua dentro do bote.


Na hora de descer a interprete de LIBRAS Natany avisou o grupo de surdos para se preparar, guardar os remos, balde, abaixar e segurar as cordas durante a passagem da cachoeira.


Diretora Moryse e atrás a interprete Natany, que interpretou para o grupo de surdos, do outro lado, na frente, a diretora Shirley.

ATENDIMENTO VISUAL NA LANCHONETE

Por Neivaldo Zovico

No dia 29 de dezembro de 2009, eu e um grupo de amigos surdos, Shirley Vilhalva (Diretora Administrativa da Feneis), Moryse Saruta (Diretora Regional da Feneis-SP), Sidney Galindo e Natany Vilhalva (ouvinte - filha da Shirley), fomos à feira-livre central na cidade de Campo Grande – MS. Um espaço tradicional na cidade, que recebe um grande número de turistas e também municipes, funciona no período da noite até de madrugada.

Ao chegar em uma das barracas, percebemos uma simples ferramenta que torna o atendimento acessível para os surdos, não é preciso gritar para chamar o garçom, basta apertar o botão de um equipamento sem fio que fica em cima de cada mesa, ao acioná-lo aparece o número da mesa que está chamando em um painel eletrônico, o garçom se dirige até a mesa para atender, além da acessibilidade é uma boa opção para oferecer um melhor atendimento, mais organização, os clientes não ficam esparando. Vejam as fotos.

Espero que com bons exemplos, donos de restaurantes e bares invistam na acessibilidade para surdos, e que as associações e entidades dessa classe, gastronomia, hotelaria e turismo divulgue as possibilidades e novidades de acessibilidade visual para atender cada vez melhor a comunidade surda no Brasil.
Prof. Neivaldo (Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos) chamando o garçom, equipamento de controle sem fio e atrás o painel eletrônico onde aparece os numeros das mesas.
Ao pressionar o botão do controle sem fio o numero 06 da mesa aparece imediatamente no painel eletronico.
No painel eletrônico vai aparecendo por ordem de acionamento, a primeira mesa para ser atendida é a 06 e depois a mesa 22.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Diretores da Feneis participaram do CONAE de São Paulo

Entre os dias 2 e 4 de outubro deste ano de 2009 no Parque Anhembi foi realizado o CONAE – Conferencia Nacional de Educação – Etapa Estadual de São Paulo onde os representantes da socidade civil e do Poder Público discutiram propostas para o novo Plano Nacional de Educação, estas propostas serão levadas para Brasília em Conferencia Nacional que acontecerá no mês de abril de 2010.
Essa primeira etapa estadual aconteceu em vários estados do Brasil, assim como em São Paulo, essas conferencias têm como objetivo recolher propostas locais para o Plano Nacional de Educação.
Participaram diversos surdos, profissionais da area de Educação de Surdos, intérpretes de LIBRAS e guias-intérpretes, entre eles, os surdos que representam a comunidade surda, como: a Diretora da Feneis-SP Profª Moryse Vanessa Saruta, Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da FENEIS Prof. Neivaldo Augusto Zovico, Presidente da Associação dos Surdos de São Paulo Paulo Vieira, Professor Surdo Cristiano Koyama, Diretor Geral da ABRASC – Associação Brasileira de Surdos-Cegos Carlos Jorge Wildhagem Rodrigues e os ouvintes, Professora da DERDIC Maria Ines Vieira, Intérprete de LIBRAS Joel Barbosa, Guia-Intérprete Cristina Teixeira, e outros surdos e ouvintes.
Durante a abertura do CONAE em São Paulo, o Secretario Executivo Adjunto do MEC Francisco das Chagas Fernandes discutiu sobre as propostas que deverão entrar em vigor no ano que vem no CONAE Nacional. O grupo de surdos e ouvintes da área de Educação para Surdos e Surdos Cegos fizeram um protesto durante a abertura, levaram faixas e as mostraram durante a discussão do Secretario Executivo, quando terminada a discussão do Secretário Executivo ele sentou-se ao lado da Deputada Federal Iara Bernardes. Eles foram chamados pelo Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos Sr. Neivaldo com o pedido para que olhassem as faixas : “Inclusão Social SIM, Inclusão Educação NÃO” e outra faixa “Inclusão na escola regular, a opção do surdo e da familia”.
A Conferencia na sua etapa estadual continuou com palestras e a apresentação de propostas em seis eixos. O surdos estavam presentes nas discussões dentro do eixo denominado de diversidade. Nesse momento foram escolhidos os lideres, entre eles Neivaldo Zovico que pôde apresentar as considerações da comunidade surda, falou à todos sobre a situação linguística da criança surda, sendo necessário um espaço educacional adequado para sua aquisição linguistica em libras considerando que os cursos de capacitação em libras de 30 horas oferecido aos professores não resolve o problema, afirmou que o que a criança surda necessita é de uma Escola Bilíngue de Surdos. Estas propostas foram aprovadas pela platéia sendo parabenizado pelas palavras proferidas.
Mais tarde, foram divididos em grupos por eixo para escolher os delegados, os surdos escolhidos para serem delegados são: Profª . Moryse e Prof Neivaldo, ambos da Feneis, como também outros surdos e ouvintes que são interpretes e guias-interpretes para participarem em Brasilia do ano 2010.
Agora é só aguardar o momento em Brasilia para apresentarmos as propostas para Educação de Surdos, cabe esclarecer que estas propostas foram discutidas no dia 12 de setembro pela comunidade surda, antes mesmo de iniciar a Conferência Nacional de Educação, Etapa Estadual onde estavam presentes os surdos e ouvintes.
Fonte : Neivaldo Zovico
O professor surdo Cristiano Koyama interpretando para o Diretor Geral da ABRASC Carlos Jorge.

O Grupo de Surdos protestando e mostrando as faixas na plateia.

O coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos Neivaldo Zovico sendo entrevistado pela jornalista do METRO NEWS, interpretado pela Maria Ines junto com Paulo Vieira e Cristiano.


O Secretario Executivo Adjunto do MEC Francisco das Chagas Fernandes que apresentava a proposta do CONAE, ao lado a Intérprete de LIBRAS


O lider Neivaldo Zovico escolhido pelo grupo de surdos e ouvintes apresentando a proposta para Educação de Surdos, sendo aprovada e aplaudido pelos presentes.


Da esquerda para direita : Paulo Vieira, Joel Barbosa, Cristiano Koyama, Maria Ines, Neivaldo Zovico e Moryse Saruta

PASSEATA DOS SURDOS CONTRA PARECER DO CNE

“Obrigatório matricular alunos surdos em escolas regulares”
No dia 26 de setembro as 12:00hs, na Av. Paulista, a maior e mais famosa Avenida de São Paulo, foi realizada uma passeata dos surdos. Neste dia comemoramos o Dia Nacional do Surdo, mas, em vez de festejar, os surdos se manifestaram contra o Parecer 13 do CNE que recomenda a obrigatoriedade da matricula de alunos surdos em escolas regulares. O Ministério da Educação não entende nada sobre a Língua de Sinais usada pelos Surdos, refere que esta é apenas uma ferramenta. A Língua de Sinais não é uma simples ferramenta, é sim uma língua oficial brasileira e é a primeira língua do surdo. Sendo considerada a primeira língua dos surdos, que em sua grande maioria são filhos de pais ouvintes e que, portanto não conhecem a língua do filho, é na escola de surdos que ele e sua família terão a possibilidade de adquiri-la. Entender que o surdo é diferente dos demais deficientes que falam a mesma língua oral das escolas regulares os surdos devem ter o direito de estudar nas escolas de surdos para ter oportunidade de aprender mais e depois de adquirir a língua de sinais e o português escrito então sim irão para a escola regular com interprete de LIBRAS/Língua Portuguesa e vice versa. De preferência a inclusão do surdo na escola regular deverá ocorrer no Ensino Médio.
Antes da passeata, os lideres do movimento da comunidade surda de São Paulo, Neivaldo A. Zovico - Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da Feneis, Paulo Vieira – Presidente da Associação dos Surdos de São Paulo, Maria Ines da S. Vieira – coordenadora do Programa de Acessibilidade da DERDIC/PUCSP, outros lideres surdos e representantes de instituições e escolas de surdos, fizeram uma reunião para se manifestar contra a obrigatoriedade, e organizarem a passeata que foi divulgada por meio de filmagem veiculada no site Youtube por apenas uma semana. Na reunião foi discutida também a importância de nossa participação na CONAE – Conferência Nacional de Educação, que dará base para o Plano Nacional de Educação (PNE) para os próximos 10 anos. Nosso objetivo era que pudéssemos ser ouvidos pelo CONAE nas nossas reivindicações.
A passeata começou no vão do MASP com a participação de muitos surdos, ouvintes pais e professores de escolas de surdos de outras cidades como São Bernardo do Campo, Diadema, Santo Andre, o numero de pessoas chegou a ser de aproximadamente 600 pessoas. Foram transferidos para outro lado da avenida, a pedido da Policia Militar e também do CET, para pode estacionar o carro de som no Parque Trianon. Os lideres surdos fizeram discurso sobre a importância da manifestação contra o Parecer do CNE, a importância da Educação de crianças surdas serem em Escolas de Surdos para sua aquisição de linguagem, a importância de terem professores surdos trabalhando nas escolas de surdos e, também sobre a CONAE - Conferencia Nacional de Educação onde os surdos foram convocados como delegados estaduais e iriam lutar pelas mesmas reivindicações. Depois foram caminhando do Trianon até a Rua Augusta, voltaram pelo outro lado da via e foram até a emissora Jovem Pan, a única que mostrou interesse em entrevistar os lideres surdos com a interprete Maria Inês Vieira. Os líderes reafirmaram que o Governo deve respeitar a língua dos surdos e o surdo poderá escolher a escola que pretende estudar e não ser obrigado a estudar em escola regular. O surdo é diferente dos demais deficientes que usam a mesma língua da sociedade ouvinte e por isso protestaram para que as escolas de surdos continuem funcionando, pois é nela que as crianças surdas poderão aprender de verdade, poderão se construir com identidade surda positiva, acreditando na sua capacidade e no seu potencial, este é nosso direito.
Fonte : Neivaldo A. Zovico/apoio Maria Ines Vieira.

Foram diversas pessoas surdas e ouvintes, inclusive pais, famílias e professores assistindo o discurso.

Prof. Neivaldo Zovico, Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da Feneis faz discurso sobre reivindicação.


Paulo Vieira, Presidente da Associação dos Surdos de São Paulo faz o discurso.

Profa. Moryse Vanessa Saruta faz discurso sobre o valor da nossa cultura Surda.

Prof. Ricardo Nakasato, o mais antigo professor de LIBRAS fala sobre valorização dos professores surdos.

Pessoas surdas e ouvintes com diversas faixas atravessaram na Av. Paulista.

Faixas diversas mostrando nas ruas para o povo a conhecer os direitos dos surdos.

Em frente da Emissora de Jovem Pan que foram convidados para entrevistar os lideres surdos. Os lideres surdos entrevistam com a interprete de LIBRAS sobre o protesto do MEC.